domingo, 11 de janeiro de 2015
Uma visão budista, sobre a natureza humana, no Samyutta Nikaya
Constata-se que existem no mundo quatro tipos de indivíduos. Quais são? Há os sombrios, que caminham para as trevas, os sombrios que caminham para a claridade; os claros que caminham para as trevas, os claros que caminham para a claridade. Qual é aquele que é sombrio, que caminha para as trevas? É, por exemplo, o homem nascido numa família humilde; ele é pobre, mal nutrido, vivendo numa condição miserável, aflito, disforme. Sua conduta do corpo, de palavra e de pensamento é má, de modo que quando da decomposição de seu corpo após a morte ele surge no Abismo, o Mau Destino, a Queda. É como se o ser caminhasse de cegueira em cegueira, das trevas a outras trevas, de uma mancha de sangue a outra. Qual é aquele que é sombrio, e que caminha para a claridade? É, por exemplo, aquele que é nascido nas condições más que acabo de dizer, mas cuja conduta de corpo, de palavra e de pensamento é boa, de modo que quando da decomposição de seu corpo após a morte ele surge num Bom Destino, num mundo celeste. É como se o ser se elevasse do solo num palanquim, do palanquim ao dorso de um cavalo, do dorso do cavalo ao dorso de um elefante ou do elefante sobre um terraço. Qual é aquele que é claro, mas que caminha para as trevas? É, por exemplo, aquele que nasceu numa família de elevada estirpe, muito rica, e com tudo que pode assegurar o prazer. Mas sua conduta de corpo, de palavra e de pensamento é mau, de sorte que quando da decomposição de seu corpo após a morte, ele surge no Abismo, o Mau Destino, a Queda. É como se o ser descesse de um terraço sobre um elefante, do dorso do elefante ao dorso do cavalo, daí em um palanquim e do palanquim a terra. Qual é aquele que é claro e que caminha para a claridade? É por exemplo, aquele que nasceu nas circunstâncias felizes que eu acabo de dizer e cuja conduta de corpo, de palavra e de pensamento é boa, de modo que quando da decomposição de seu corpo após a morte, ele surge num Bom Destino, e num mundo celeste. É como se o ser passasse de um palanquim a um outro, de um cavalo a outro cavalo, de um elefante a um outro elefante, de um terraço a outro terraço. É por esta imagem que eu descrevo este tipo de indivíduo.
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